UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ –
Campus Altamira
FACULDADE DE ETNODIVERSIDADE
PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU -
EDUCAÇÃO POR INVERSÃO PEDAGÓGICA: INCLUSÃO PARA A EMANCIPAÇÃO EM TERRITÓRIOS
SOCIOEDUCATIVOS NA TRANSAMAZÔNICA-XINGU
Disciplina: Oficina de Escrita acadêmica
Docente: Profa. Dra. Raquel Lopes
Pesquisando um território
existencial na cidade de Altamira - Pará
Discente: José
Roberto Rodrigues Prates
Nosso trabalho de conclusão de curso será apresentado em um
arquivo Power Point, contendo áudio visual, fotografias e textos. O conteúdo
será de uma discussão sobre uma pedagogia voltada para formação em atividades
produtivas com grupos de jovens em situação de vulnerabilidade na sociedade
altamirense, devido à exclusão do mercado de trabalho, bem como vitimas de
violência social e doméstica.
Além dos vídeos, álbuns fotográficos e textos, serão expostos
neste Power Point a apresentação de projetos de desenvolvimento comunitário,
com Objeto do projeto, justificativa, objetivos geral e específicos, metas,
metodologia de operacionalização, cronogramas de execução, estimativas de
investimentos e fontes de captação de recursos financeiros para realizar a
execução das propostas de projetos de desenvolvimento pessoal e coletivo na
comunidade.
Neste processo pedagógico, com um grupo formado por uma clientela
indicada por organizações da sociedade civil como o Comitê em Defesa da Vida da
Criança Altamirense a ONG Oficina Território Livre, Associação de Moradores do
RUC Jatobá, e, possivelmente, outras mais. Os procedimentos da pesquisa será COM a comunidade e não PARA a comunidade.
O conteúdo dos textos será de organização, planejamento e projeto para
produção sustentável e comércio de produtos pela economia criativa e solidária,
envolvendo justa distribuição dos benefícios da produção, uma vez que os
interesses serão coletivos.
Através de oficinas e treinamentos para elaboração de projetos de
captação de recursos para investimento e custeio em atividades produtivas como
exemplo de produção de artesanato de biojoias e outros artefatos de adereços e
decoração, produção de mudas de essências florestais e frutíferas para arborização
de quintais, produção de plantas ornamentais para jardinagem e decoração. Entre
outras atividades a serem definidas pelo(a)s próprios beneficiário(a)s, durante
o processo de formação.
Essas atividades, tanto de formação e capacitação, quanto produtivas
serão fotografadas e filmadas em áudio visual, para ilustração da apresentação
teórica da proposta de intervenção social do pesquisador cartógrafo na inversão
pedagógica onde todos aprendem e todos ensinam. A utilização do Power Point,
explica-se pela possibilidade da inserção, tanto de textos, quanto de imagens e
audiovisual num único arquivo de mídia eletrônica. E, não invalida, se for o
caso, uma posterior produção de artigo sobre tal intervenção, tendo tal arquivo
como subsídio.
Neste curso de inversão pedagógica, de algumas leituras técnicas,
como o “Pistas do método da cartografia” (Passos E., Kastrup V. e Escóssia
L., 2009), particularmente a pista 7: Cartografar é habitar um território
existencial (Passos & Alvares, 2009) estamos revendo posições e nos
encontrando aos poucos, principalmente relativo aos conceitos de cartografia,
bem como de território e paisagem, aos quais por ser graduado em geografia,
acreditava que eu tinha algum domínio sobre os mesmos, entretanto após recentes
leituras, vimos relacionando estes conceitos com outras visões relativas ao
pertencimento do pesquisador aprendiz-cartógrafo, com o espaço geográfico ao
qual se pesquisa, bem como se entender o pesquisador como parte integrante da
paisagem, entendendo também a paisagem como algo mais que físico, estático e
apenas ao alcance dos olhos, mas uma paisagem em que a espiritualidade do lugar
e do seu povo seja também variável a considerar, sempre em movimento, com
dinâmica própria em permanente modificação.
Relativo à cartografia que como geógrafo eu dava mais atenção ao
sentido de desenho dos componentes da paisagem, das legendas representando os
elementos integrantes do território, desde suas linhas limítrofes, bem como as
configurações sócio-espaciais, ambientais e econômicas da territorialidade
(SOUZA, 2013), entretanto na cartografia de um território existencial,
considerar-se-á com preponderância a cultura, a inseparabilidade dos costumes,
hábitos e comportamentos tecnológicos preexistentes com os costumes, hábitos e
tecnologias em atualização, a serem observados nos processos de aprendizagem,
pesquisa, prospecção de informações pelos aprendizes cartógrafos, considerando
tanto os conhecimentos tradicionais com os novos conhecimentos produzidos pela
pesquisa da própria vivência dos integrantes da comunidade territorial,
inclusive do pesquisador externo caso haja algum, reconhecido, aceito e com
laços de afetividade com a população original. E, em caso de
desterritorialização (HERRERA e SANTANA, 2016), no processo de aprendizagem
trabalhar COM a comunidade a luta pela reterritorialização.
Mesmo que se tenha que sair da zona de conforto, enfrentar os
desafios apresentados. Quem disse que seria fácil? Portanto, devemos unir esforços
com os aprendizes para aprender a aprender, fazendo, praticando, vivenciando
experiências no cotidiano da comunidade. Observando a própria realidade, a
prática, o trabalho, o processo produtivo, os recursos naturais, os recursos
culturais próprios da comunidade e com diálogo entre os aprendizes cartógrafos
e o pesquisador, junto com o aprendizado das disciplinas ou matérias
apresentadas no estudo e pesquisa incluir também como assunto a ser aprendida e
praticada, a cidadania, bem como novas tecnologias na produção que praticar.
Relacionar
produção de produtos físicos com produção imaterial, a exemplo de
conhecimentos, informações de conceitos e fenômenos, espiritualidade, notícias,
desconfiando e confirmando as informações, identificando as “fake news”.
Aprender a relação entre trabalho individual e trabalho coletivo, geração de
renda coletiva e renda individual, justiça na repartição dos benefícios e
sustentabilidade.
Considerando que devemos além de nos sentir pertencente à
comunidade do território ao qual estamos pesquisando observar nossos laços
afetivos, nossa aceitação pelos outros entes pertencentes a esta comunidade,
observar nosso grau de empatia e receptividade. Em vez de pesquisar SOBRE o
território, deve-se pesquisar COM o território, engajado e compromissado com a
defesa dos anseios da comunidade tanto nas conquistas materiais quanto
imateriais.
Assim como camponês, técnico da área agroecológica e educador popular,
quero com isso exercitar minha vontade de trabalhar os processos de ensino
aprendizagem com os educandos relacionando o contexto educacional com o
processo de produção, tanto em atividades econômicas criativas, como
tradicionais, envolvendo tecnologias inovadoras, diversificação do uso da
paisagem no processo produtivo, tanto com atividades culturais, turísticas, artesanais,
comércio virtual, bem como a agroecologia. Considerando o tripé, viabilidade
econômica, justiça social e responsabilidade ambiental (MMA, 2004).
No entanto ao trabalhar a educação na comunidade, não ter
predeterminado o que o educador, professor, pesquisador tem em mente, aliás
buscar o desprendimento de não ter nada em mente, mas em conjunto com a
comunidade, crianças, jovens e adultos, descobrir a partir do potencial da
comunidade, o que pode ser mais viável para se desenvolver, bem como não se
ater a uma única atividade, sugerir ou aceitar as sugestões de diversificar
atividades, aprendizado voltado para a economia criativa, mesmo que em
atividades já tradicionais.
E, verificar no processo que
o mesmo pode oferecer reflexão sobre disciplinas científicas ou técnicas tanto
em literatura, língua portuguesa, aritmética, matemática, geografia, história,
biologia, filosofia, sociologia, química, física, ou outras disciplinas que
podem ser estudadas a partir de produtos ou materiais presentes na
paisagem/vivência/prática, e através do diálogo, como nos ensina algumas
leituras de Paulo Feire.
Produzindo no processo de aprendizagem, alguns documentários
educativos em áudio visual, de curta duração, entre 3 e 7 minutos tendo como
protagonistas os próprios produtores, com ênfase na juventude e gênero da
comunidade. Inclusive estes vídeos de curta duração podem e devem também se
tornar produtos para comercializar e gerar renda para as famílias dos
protagonistas.
Altamira(PA),
13 de julho de 2019
Referência Bibliográfica
PASSOS Eduardo, KASTRUP Virgínia, ESCÓSSIA
Liliana da, Pistas do Método da Cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de
subjetividade, UFRGS, Porto Alegre – RS, Editora Sulina, 2009
Ministério do Meio
Ambiente, Agenda 21 brasileira: ações prioritárias / Comissão de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional. 2. ed. Brasília, 2004.
HERRERA, J. A.; SANTANA, N. C. Empreendimento hidrelétrico e famílias
ribeirinhas na Amazônia: desterritorialização e resistência à construção da
hidrelétrica Belo Monte, na Volta Grande do Xingu. Geousp – Espaço e Tempo
(Online), v. 20, n. 2, p. 250-266, mês. 2016. ISSN 2179-0892.
Disponível em:
http://dx.doi.org/10.11606/issn.2179-0892. geousp.2014.84539.
SOUZA,
Marcelo Lopes de, Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial,
Bertrand Brasil Editora, Rio de Janeiro, 2013.
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