quinta-feira, 2 de abril de 2020

Produzindo num território existencial


UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – Campus Altamira
FACULDADE DE ETNODIVERSIDADE
PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU - EDUCAÇÃO POR INVERSÃO PEDAGÓGICA: INCLUSÃO PARA A EMANCIPAÇÃO EM TERRITÓRIOS SOCIOEDUCATIVOS NA TRANSAMAZÔNICA-XINGU

Disciplina: Oficina de Escrita acadêmica
Docente: Profa. Dra. Raquel Lopes

Pesquisando um território existencial na cidade de Altamira - Pará
Discente: José Roberto Rodrigues Prates

Nosso trabalho de conclusão de curso será apresentado em um arquivo Power Point, contendo áudio visual, fotografias e textos. O conteúdo será de uma discussão sobre uma pedagogia voltada para formação em atividades produtivas com grupos de jovens em situação de vulnerabilidade na sociedade altamirense, devido à exclusão do mercado de trabalho, bem como vitimas de violência social e doméstica.
Além dos vídeos, álbuns fotográficos e textos, serão expostos neste Power Point a apresentação de projetos de desenvolvimento comunitário, com Objeto do projeto, justificativa, objetivos geral e específicos, metas, metodologia de operacionalização, cronogramas de execução, estimativas de investimentos e fontes de captação de recursos financeiros para realizar a execução das propostas de projetos de desenvolvimento pessoal e coletivo na comunidade.
Neste processo pedagógico, com um grupo formado por uma clientela indicada por organizações da sociedade civil como o Comitê em Defesa da Vida da Criança Altamirense a ONG Oficina Território Livre, Associação de Moradores do RUC Jatobá, e, possivelmente, outras mais. Os procedimentos da pesquisa será COM a comunidade e não PARA a comunidade.
O conteúdo dos textos será de organização, planejamento e projeto para produção sustentável e comércio de produtos pela economia criativa e solidária, envolvendo justa distribuição dos benefícios da produção, uma vez que os interesses serão coletivos.
Através de oficinas e treinamentos para elaboração de projetos de captação de recursos para investimento e custeio em atividades produtivas como exemplo de produção de artesanato de biojoias e outros artefatos de adereços e decoração, produção de mudas de essências florestais e frutíferas para arborização de quintais, produção de plantas ornamentais para jardinagem e decoração. Entre outras atividades a serem definidas pelo(a)s próprios beneficiário(a)s, durante o processo de formação.
Essas atividades, tanto de formação e capacitação, quanto produtivas serão fotografadas e filmadas em áudio visual, para ilustração da apresentação teórica da proposta de intervenção social do pesquisador cartógrafo na inversão pedagógica onde todos aprendem e todos ensinam. A utilização do Power Point, explica-se pela possibilidade da inserção, tanto de textos, quanto de imagens e audiovisual num único arquivo de mídia eletrônica. E, não invalida, se for o caso, uma posterior produção de artigo sobre tal intervenção, tendo tal arquivo como subsídio.
Neste curso de inversão pedagógica, de algumas leituras técnicas, como o “Pistas do método da cartografia” (Passos E., Kastrup V. e Escóssia L., 2009), particularmente a pista 7: Cartografar é habitar um território existencial (Passos & Alvares, 2009) estamos revendo posições e nos encontrando aos poucos, principalmente relativo aos conceitos de cartografia, bem como de território e paisagem, aos quais por ser graduado em geografia, acreditava que eu tinha algum domínio sobre os mesmos, entretanto após recentes leituras, vimos relacionando estes conceitos com outras visões relativas ao pertencimento do pesquisador aprendiz-cartógrafo, com o espaço geográfico ao qual se pesquisa, bem como se entender o pesquisador como parte integrante da paisagem, entendendo também a paisagem como algo mais que físico, estático e apenas ao alcance dos olhos, mas uma paisagem em que a espiritualidade do lugar e do seu povo seja também variável a considerar, sempre em movimento, com dinâmica própria em permanente modificação.
Relativo à cartografia que como geógrafo eu dava mais atenção ao sentido de desenho dos componentes da paisagem, das legendas representando os elementos integrantes do território, desde suas linhas limítrofes, bem como as configurações sócio-espaciais, ambientais e econômicas da territorialidade (SOUZA, 2013), entretanto na cartografia de um território existencial, considerar-se-á com preponderância a cultura, a inseparabilidade dos costumes, hábitos e comportamentos tecnológicos preexistentes com os costumes, hábitos e tecnologias em atualização, a serem observados nos processos de aprendizagem, pesquisa, prospecção de informações pelos aprendizes cartógrafos, considerando tanto os conhecimentos tradicionais com os novos conhecimentos produzidos pela pesquisa da própria vivência dos integrantes da comunidade territorial, inclusive do pesquisador externo caso haja algum, reconhecido, aceito e com laços de afetividade com a população original. E, em caso de desterritorialização (HERRERA e SANTANA, 2016), no processo de aprendizagem trabalhar COM a comunidade a luta pela reterritorialização.
Mesmo que se tenha que sair da zona de conforto, enfrentar os desafios apresentados. Quem disse que seria fácil? Portanto, devemos unir esforços com os aprendizes para aprender a aprender, fazendo, praticando, vivenciando experiências no cotidiano da comunidade. Observando a própria realidade, a prática, o trabalho, o processo produtivo, os recursos naturais, os recursos culturais próprios da comunidade e com diálogo entre os aprendizes cartógrafos e o pesquisador, junto com o aprendizado das disciplinas ou matérias apresentadas no estudo e pesquisa incluir também como assunto a ser aprendida e praticada, a cidadania, bem como novas tecnologias na produção que praticar.
Relacionar produção de produtos físicos com produção imaterial, a exemplo de conhecimentos, informações de conceitos e fenômenos, espiritualidade, notícias, desconfiando e confirmando as informações, identificando as “fake news”. Aprender a relação entre trabalho individual e trabalho coletivo, geração de renda coletiva e renda individual, justiça na repartição dos benefícios e sustentabilidade.
Considerando que devemos além de nos sentir pertencente à comunidade do território ao qual estamos pesquisando observar nossos laços afetivos, nossa aceitação pelos outros entes pertencentes a esta comunidade, observar nosso grau de empatia e receptividade. Em vez de pesquisar SOBRE o território, deve-se pesquisar COM o território, engajado e compromissado com a defesa dos anseios da comunidade tanto nas conquistas materiais quanto imateriais.
Assim como camponês, técnico da área agroecológica e educador popular, quero com isso exercitar minha vontade de trabalhar os processos de ensino aprendizagem com os educandos relacionando o contexto educacional com o processo de produção, tanto em atividades econômicas criativas, como tradicionais, envolvendo tecnologias inovadoras, diversificação do uso da paisagem no processo produtivo, tanto com atividades culturais, turísticas, artesanais, comércio virtual, bem como a agroecologia. Considerando o tripé, viabilidade econômica, justiça social e responsabilidade ambiental (MMA, 2004).
No entanto ao trabalhar a educação na comunidade, não ter predeterminado o que o educador, professor, pesquisador tem em mente, aliás buscar o desprendimento de não ter nada em mente, mas em conjunto com a comunidade, crianças, jovens e adultos, descobrir a partir do potencial da comunidade, o que pode ser mais viável para se desenvolver, bem como não se ater a uma única atividade, sugerir ou aceitar as sugestões de diversificar atividades, aprendizado voltado para a economia criativa, mesmo que em atividades já tradicionais.
E, verificar no processo que o mesmo pode oferecer reflexão sobre disciplinas científicas ou técnicas tanto em literatura, língua portuguesa, aritmética, matemática, geografia, história, biologia, filosofia, sociologia, química, física, ou outras disciplinas que podem ser estudadas a partir de produtos ou materiais presentes na paisagem/vivência/prática, e através do diálogo, como nos ensina algumas leituras de Paulo Feire.
Produzindo no processo de aprendizagem, alguns documentários educativos em áudio visual, de curta duração, entre 3 e 7 minutos tendo como protagonistas os próprios produtores, com ênfase na juventude e gênero da comunidade. Inclusive estes vídeos de curta duração podem e devem também se tornar produtos para comercializar e gerar renda para as famílias dos protagonistas.
Altamira(PA), 13 de julho de 2019

Referência Bibliográfica
    PASSOS Eduardo, KASTRUP Virgínia, ESCÓSSIA Liliana da, Pistas do Método da Cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade, UFRGS, Porto Alegre – RS, Editora Sulina, 2009

    Ministério do Meio Ambiente, Agenda 21 brasileira: ações prioritárias / Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional. 2. ed. Brasília, 2004.
    HERRERA, J. A.; SANTANA, N. C. Empreendimento hidrelétrico e famílias ribeirinhas na Amazônia: desterritorialização e resistência à construção da hidrelétrica Belo Monte, na Volta Grande do Xingu. Geousp – Espaço e Tempo (Online), v. 20, n. 2, p. 250-266, mês. 2016. ISSN 2179-0892.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.11606/issn.2179-0892. geousp.2014.84539.

    SOUZA, Marcelo Lopes de, Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial,
Bertrand Brasil Editora, Rio de Janeiro, 2013.



LAZER na cidade de Altamira - Pará




Universidade Federal do Pará – UFPA
Campus de Altamira
Faculdade de Etnodiversidade

Pós graduação latu senso: Educação por inversão pedagógica: Inclusão para emancipação de territórios socioeducativos na Transamazônica e Xingu
Disciplina: Terra, Território e Populações na Amazônia
Docente: Prof. Francivaldo José Mendes
Discente: Jose Roberto Rodrigues Prates

Lazer em Altamira
Altamira e a região do Xingu como outras regiões do país, não oferece adequados espaços e oportunidades de lazer, cada pessoa ou grupo de pessoas interessados em determinada atividade recreativa, que se vire como puder para conseguir praticar as atividades pretendidas para o seu entretenimento ou lazer, sejam eventos culturais, desportivos ou passeio de “passa tempo”.
Considerando a relação entre o lazer, o território e a territorialidade, a situação de Altamira se tornou mais complexa a partir da implantação da UHE Belo Monte, em virtude do processo de desterritorialização da região do Xingu (HERRERA E SANTANA, 2016).
Na cidade de Altamira, tanto os espaços das margens do rio Xingu, como as áreas mais distantes destas, onde foram implantados novas áreas de habitação e vivência, ocupando parte da légua patrimonial urbana, outrora utilizada como fazendas de criação de gado bovino e desapropriadas pela empresa empreendedora da hidrelétrica para implantação dos novos bairros. Tal situação afastou parcela da população do centro da cidade que também ficou com maior adensamento populacional. Constatou o professor Francivaldo na sua pesquisa o significativo aumento de espaços privados, objetivando lucros de negócios com as oportunidades da prática de atividades de lazer. Tanto quadras esportivas, academias de ginástica, bem como bares e casas de festa.
De modo geral, é preciso estar atento para captar e traduzir aquelas práticas que vão de encontro à realidade posta. Em Altamira, tem sido possível notar que, ao que parece, mesmo com a negação de um direito social básico, somado às mais variadas adversidades de ordem social, as pessoas não ficam inertes. Desse modo, é possível notar o estabelecimento de uma gama de relações que ressignificam espaços permeados por características restritivas já descritas. Citando a praça da Independência como espaço dessa (re)apropriação, é válido registrar que às quintas-feiras, desde o ano de 2016, ocorre o sarau cultural dos “poetas marginais”, coletivo formado por educadores, estudantes dos vários níveis de ensino de diferentes bairros da cidade. Na ocasião, ocorrem recitais de poesias, apresentações teatrais e de bandas locais. No coreto central, as quartas-feiras ocorrerem apresentação de cantores locais (voz e violão). (MENDES, 2018,  pág. 39)
Vimos observar que rodas de capoeira antes existente em praças se fecharam em espaços interiores, deixando as praças para a poesia do Coletivo Poetas Marginais (https://iridio77.blogspot.com/2014/07/a-poesia-prevalece-um-ano-de-sarau.html), que mensalmente realiza saraus ora numa praça ora noutra (https://margemesquerdadoxingu.blogspot.com/2014/03/o-sarau-de-poesias-marginas-celebrou.html), sendo que da praça da Paz, no final da Avenida Djalma Dutra, que entre 2014 e 2016 tinha uma regularidade de ocorrência nas últimas sextas feiras de cada mês, ao migrar para a Praça da Independência a partir de 2017 essa regularidade não mais existiu, mesmo que os saraus continuem ocorrendo, com o mesmo formato de liberdade aos poetas e sempre com algum acompanhamento de uma ou outra banda musical ou músicos também marginais, na acepção da palavra, o marginal da literatura ressalta-se pelo fato de estarem os autores à margem da literatura formal, usando todas as licenças poéticas possíveis e imaginárias. Em novembro de 2017 o Coletivo Poetas Marginais “deu muito o que falar”, devido ao seu stand de poemas, fanzines, desenhos e fotos, expostos na primeira FLIX – Feira Literária Internacional do Xingu. Neste ano de 2019 de 12 a 15 de junho ocorreu a 2ª. FLIX. Salienta-se que em ambas as FLIX houve o Sarabalsa, que são saraus de poesia realizados em uma balsa circulando pelo rio Xingu (https://portal.ufpa.br/index.php/ultimas-noticias2/10278-projeto-sarabalsa-revive-tradicao-dos-antigos-saraus-na-ii-flix-em-altamira).
Algo de bom que também tem público garantido em entretenimento e diversão é a música popular brasileira. Altamira possui uma cena de rock and rol das mais movimentadas do Pará, possuindo muitas bandas musicais, que por não terem apoio de patrocinadores, têm atuação “underground”, o que dá nome ao MUT – Movimento Underground da Transamazônica, a ONG que articula eventos com as bandas de rock metal e outros ritmos pop como o reggae e o hap. Algumas das bandas contam até com com fã clubes, como as “Vey Keller” (Pop Rock), “Dona Lara” (Reggae) e a “Conexão Periferia” (Hap).
O Rock In Rio Xingu (https://www.confirmanoticia.com.br/altamira-sedia-7a-edicao-do-rock-in-rio-xingu/) é um evento anual que ocorre sempre no sábado mais próximo do dia 13 de julho de cada ano, em virtude da celebração do dia mundial do Rock. No 13 de julho de 2019 ocorreu a sétima versão deste evento que pretende-se ter continuidade por tempo indeterminado, tendo sido incluído, desde 2013, no calendário turístico do município de Altamira, aprovado em Conferência Municipal de Cultura, por iniciativa do MUT.

Conclusão
A despeito das dificuldades duma cidade em processo de disputa pela reterritorialização, as artes, os esportes, o “passa tempo”, o entretenimento, em suma o lazer é componente desta luta cultural, devendo portanto compor a pauta da movimentação do povo em luta também por infraestrutura, trabalho e renda, moradia digna, transporte, comunicação, saúde, educação, assistência social, democracia política, planejamento de políticas públicas e monitoramento da execução dessas políticas, por isso mesmo, mobilizando toda a população para a defesa dos seus legítimos direitos humanos.

Altamira(PA), 27 de julho de 2019
Referência Bibliográfica
    MENDES, Francivaldo, Lazer em Altamira – PA: um estudo a partir do RUC Laranjeiras, UFPA, Bragança-PA, 2018

    PASSOS Eduardo, KASTRUP Virgínia, ESCÓSSIA Liliana da, Pistas Método da Cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade, UFRGS, Porto Alegre – RS, Editora Sulina, 2009

    HERRERA, J. A.; SANTANA, N. C. Empreendimento hidrelétrico e famílias ribeirinhas na Amazônia: desterritorialização e resistência à construção da hidrelétrica Belo Monte, na Volta Grande do Xingu. Geousp – Espaço e Tempo (Online), v. 20, n. 2, p. 250-266, mês. 2016. ISSN 2179-0892.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.11606/issn.2179-0892. geousp.2014.84539.

    SOUZA, Marcelo Lopes de, Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial,
Bertrand Brasil Editora, Rio de Janeiro, 2013.


Ousadia


Ousadia

                   ZehRob Prates

A ousadia procede
A ousadia permite
A ousadia decide

Um ousado vai mais longe
A chegar não sabe onde
Me leve a um banho de mar
Sair por ai a andar
Vamos a qualquer lugar
Nos aconchega até mesmo um bar

Precisamos de um privê
Onde não nos possam ver
Pra fazer não sei o quê
Desde que nos dê prazer

A ousadia procede
Permite e decide
Quem não ousa não fica
Fica comigo, FICA!

A Carta da Terra em Resumo


Carta da Terra em RESUMO

                                           ZehRob Prates

Terra nosso lar
Comunidade de Vida Global
Desafios para o Futuro
Compromisso Universal

Respeitar a Terra e a
Vida em toda diversidade
Dignidade para todos
O potencial intelectual,
Artístico, ético e espiritual
Na humanidade dar e receber
Compreensão, Amor,
SER e não TER!

O Bem Comum,
Sociedades Democráticas
Justiça, Participação,
Solidariedade e Paz
Subsistência Segura
É garantia de acesso
À todas as necessidades
das atuais e gerações futura

Saúde Ambiental, Bioética
Respeito às minorias,
Tolerância é sabedoria
Desconstrução da violência
Espiritualidade da vida
Todos os seres da GAIA
Estados e nações cooperando-se
Territórios Sustentáveis
Reordenamento do desenvolvimento
E transparência nas políticas públicas
Controle social da gestão sociambiental
Ética e governança Global
Democracia e ordem gerencial

Gestão do conhecimento,
educação, ecoalfabetização
Comunicação e Sensibilização
Desafios econológicos com moral
A espiritualidade de cada lugar
É uma parte importante do global
Punir a improbidade humana
Tem Jeito Sim – Agenda 21!!!

Seres vivos impedir a extinção
Recursos Naturais impedir a exaustão
Biodiversidade, justa repartição
Termos de Ajustamento de Conduta?
TAC para tod@s, pessoas físicas
e Jurídicas naturalmente
Pessoal e institucional,
Governamental Principalmente


Oportunidades em capacitação
Empoderamento na atuação
Todas as idades, educação
Arte, Ciência, inovação
Gestão de conflito, manejo,
Restauração e conservação
Ecologia, Tecnologia de gestão
Diversidade de culturas é vida
Mesmos direitos e deveres
Mudança na mente e no coração
Metas de curto e longo prazos
Indivíduo, família e organização
Religiões, escolas e comunicação
Liderança criativa em ação
Parceria sociambiental é a orientação
Soluciona o conflito com negociação.

Reverência face a vida
Sustentabilidade alcançar
Alegria e Paz, vida a celebrar.

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Paulo Freire em Tempos de Fake News


Reflexões da Jornada Paulo Freire em tempos de fake News
                                                                     * José Roberto Prates

Coincidentemente ou não dia 14 de abril de 2019, quando a jornada Paulo Freire em tempos de fake news apresentou sua quarta e última vídeo aula, o jornal eletrônico da “Folha.de São Paulo”, publicou com o link https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2019/04/por-que-o-brasil-de-olavo-e-bolsonaro-ve-em-paulo-freire-um-inimigo.shtml, matéria escrita pelo biógrafo de Paulo Freire, Sérgio Haddad, analisando a hostilidade contra o patrono da educação no Brasil, em alta nos últimos anos e com campanha de difamação aberta através de fake news, deflagrada após a posse do atual governo federal.
Segundo o próprio Paulo Freire em entrevista concedida à Folha de São Paulo em 1994, ...“a classe dominante jamais aceitaria que as massas populares se tornem lúcidas”. Agora, mais de duas décadas após sua morte, seu pensamento continua tão atual, que os ataques ao método pedagógico desenvolvido em mais de cinco décadas de atuação educacional, são deferidos como se fosse na sua própria personalidade.
Assim, esta Jornada Paulo Freire em tempos de fake news, que está sendo um sucesso, tanto é que mais de 20 mil educadores, estão acompanhando o Instituto Paulo Freire, em defesa do pensamento freiriano e em preparação do curso mais aprofundado sobre o tema, planejado para o próximo período.
A opressão continuará existindo, mas educadores populares e métodos pedagógicos para fortalecer a resistência também serão mantidos e atualizados para fazer frente à opressão nestes tempos de uso desenfreado de tecnologia digital de comunicação.
Assim através desta intervenção do professor Ladslau Dowbor, aprendemos que a “apropriação do conhecimento é vital para a libertação. Fake news, uso de tecnologia, invasão e deturpação de conhecimento, publicação de falsidades é indigno com os direitos humanos”.
Como Dowbor informa, a existência de 4 bilhões de smartfones em utilização hoje no mundo, dá uma noção de como a conectividade planetária tem importância na difusão do conhecimento e possibilita que uma distorção numa informação ganhe proporções inimagináveis.
O Sistema GAFAM (Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft) hoje no comando do sistema internacional de informações e no controle das redes sociais como conglomerados midiáticos e detendo a maior fatia do mercado da informação, interfere sobremaneira na difusão do conhecimento.
Jornalistas de mídia livre a exemplo de Carta Maior, IHU, Luiz Nacif, entre outros, que não são “paus mandados” dos citados conglomerados de comunicação, oferecem grande colaboração interativa, com os quais precisamos ter atuação para fortalecer a resistência e ampliar nossa fatia do mercado de comunicação, com inserções de conhecimentos saudáveis e a bem da sustentabilidade socioambiental e direitos humanos.
O conhecimento tem relevante importância na incorporação de valor aos produtos, bem como necessitamos entender a existência de dois mundos: 1 – Plataformas que dominam o mundo (através dos conglomerados de comunicação, inclusive com as fake news) e, 2 – Interação colaborativa escola – academia, interativa, livre colaboração para generalizar o conhecimento livre no planeta (através desta realizar estudos sobre o desenvolvimento sustentável, a “Reprodução Social”, “A era do capital improdutivo” e “Tecnologias do Conhecimento”).
Para Dowbor, temos que enfrentar os desafios para buscar a internet livre com acesso gratuito para maior oportunidade de combate às fake news, e, obtenção de espaço para desconstruir a perversidade do mundo tecnológico, fazer contrainformação para o bem da humanidade em  contraposição às fake news.
Na 2ª Video Aula, com o Professor e jornalista Ismar Soares, que através do pensamento de Paulo Freire ressemantizou o conceito de educomunicação considerou que Paulo Freire era um homem de conversa, que na sua prática pedagógica experimentava a inseparabilidade da comunicação com a educação.
Considera o professor Ismar, que Paulo Freire tem sido alvo de uma forte campanha que tenta dissuadir as políticas públicas e estudantes a seguir seus ensinamentos, por isso está ocorrendo uma disputa entre os que querem descontruir o pensamento de Paulo Freire e os que querem defendê-lo. Devendo ser analisados e haver séria reflexão sobre três perspectivas em educação:
1 – a educação com a preocupação com os conteúdos sua missão é a transmissão dos conteúdos gerados pela ciência;
2 – a educação geradora de efeitos e que forma pessoas, que é avaliada como qualidade, por surtir os efeitos esperados; e,
3 – a educação através de processos, sempre em construção.
Paulo Freire defendeu que educação é um processo em construção permanente, um processo dialógico construtivista, que produz uma prática pela libertação das pessoas.
Os ataques ao pensamento de Paulo Freire têm vindo dos que defendem a educação como conteúdo e a educação como efeito, que são imediatistas. E, é nestes que se encontra a origem dos conceitos, preconceitos e falso juízo das posições de Paulo Freire, e que é preciso que os defensores do pensamento freiriano passem a entender tal processo para fazer a contrainformação.
A Comunicação é transversal à educação, e o pensamento de Paulo Freire está num processo de reconstrução, sempre tendo o cuidado de identificar a origem dos preconceitos e falsas informações, para o bom combate, lutando pela educação processual, recriando Paulo Freire, principalmente através das novas gerações. Por estas estarem mais afinadas com as tecnologias e redes sociais e mais facilmente acessando as tecnologias do conhecimento.
Temos observado que crianças e jovens não têm preconceito com Paulo Freire. E como freirianos devem usar a voz, a escrita e a tecnologia para fazer o mundo crescer de forma igualitária e justa, num processo continuo, criativo, emancipador, libertador, considerando que a educação, assim como a comunicação não são neutras.
Na 3 ª. Vídeo Aula, o professor Afonso Celso Scocuglia, afirma que foram várias décadas para construção do pensamento político pedagógico de Paulo Freire, em vários momentos, entre 1950 e 1990, inclusive alguns momentos póstumos. Quando alguns escritos inéditos foram publicados.
O pensamento atual é prospectivo, quando se tem que voltar no tempo para analisar sobre os processos educativos e sobre várias reflexões da prática educativa.
Ponto alto da reflexão de Paulo Freire é a inseparabilidade entre Educação e Política, motivo de Paulo Freire ter ficado fora do Brasil, sob exilio por 16 anos, durante a Ditadura Militar, tendo retornado ao País somente na década de 80, assim mesmo ele não abandonou seu pensamento político na reflexão sobre as práticas educativas.
O professor Scocuglia ao informar que Paulo Freire é um autor entre os 100 mais citados em língua inglesa do mundo e doutor honoris causa em dezenas de importantes universidades do mundo, dá a entender que deve merecer maior respeito de setores do atual governo do Brasil, inclusive do Ministério da Educação e principalmente por ser o Patrono da Educação no Brasil
Professor Scocuglia apresenta que os principais conceitos do pensamento de Paulo Freire, envolvem: Círculo de cultura, Ação cultural, diálogo, problematização, epistemologia, ciclo do conhecimento, pensar o trabalho como princípio educativo, pedagogia do oprimido, Educação problematizadora contra a educação bancária, educação para a autonomia, trabalho como educação, e, educação como fábrica de autonomia, conceitos sobre os quais devemos refletir na luta contra as fake news.
Na 4ª Vídeo Aula, o professor Moacir Gadotti, que defende a educação para a sustentabilidade, expos que alguns pontos de vista introduzidos por Paulo Freire em cinco décadas de pesquisa pedagógica e produção teórica são cientificamente incontestáveis, tanto que inumeráveis temas por ele defendidas foram incorporados aos sistemas de ensino/aprendizagem universal. Por exemplo a relação do pensamento pedagógico através das práticas de vivência do educando, tão aceita no pensamento pedagógico universal que não se tem explicação por tal teoria não ter sido discutida antes de Paulo Freire, da mesma forma a educação baseada na realidade do educando, e, a harmonização entre a educação formal e informal.
A Critica das práticas como método de entendimento das informações em estudo, a reinvenção do método de alfabetização de adultos, diferentemente da alfabetização de crianças, particularmente pela diferença de tempo de vivência entre adultos e crianças, a experiência da vida dos adultos no processo de alfabetização, enquanto que crianças tem menos tempo de vivência e consequentemente menos experiência de vida.
Considera-se que a utilização na educação do método de Paulo Freire é um ponto de equilíbrio nestes tempos de posições extremadas na sociedade. A exemplo da militarização das escolas, propostas de professores portarem armas letais em sala de aula, são indícios de falta de diálogo, falta de pensamento crítico sobre a realidade, falta do método freiriano, falta da observação das práticas de vida no processo educacional.
O Professor Gadotti afirma que deve se reagir a esta situação, não apenas em defesa de Paulo Freire e seu método, mas como defesa do seu pensamento como um todo, na inseparabilidade da política no processo pedagógico, no respeito aos direitos humanos, na não opressão aos segmentos diferenciados da sociedade, no diálogo sobre os problemas sociais, culturais, econômicos, ambientais, e, políticos naturalmente.
Devemos considerar que os ataques que a sociedade está vivenciando são reflexos do atual “espaço da pós verdade”, na velocidade e quantidade de informações através das cyrber mídias (internet), acessível em qualquer aparelho celular através das redes sociais, do sistema “GAFAM” (Google, Aple, Facebook, Amazon e Microsoft), no qual as informações estão sendo aceitas, sem senso crítico, sem aferição da veracidade e são reproduzidas irresponsavelmente, sem filtragem, sem apuração da origem, sem conhecimento da autoria de tais informações, em grande número falsas, e, disseminadas especificamente contra Paulo Freire e seu pensamento por alguns grupos ideológicos reacionários, capitalistas neoliberais entreguistas, que não entendem nem a serviço de quem estão trabalhando, deflagrando uma campanha de grandes proporções atacando o pensamento freiriano com fake news, imputando-lhe posicionamentos inversos à sua teoria, bem como responsabilizando o método freiriano pela questionável qualidade da educação que pouco utiliza os métodos de Paulo Freire no processo político pedagógico, entretanto, desferindo golpes jamais vistos ao pensamento de um Educador de renome internacional.
Consideramos portanto, nosso dever despertar a esperança e buscar na pacificação e no enfrentamento das fake news, descobrir a origem de tais ataques e desmascará-los, melhorando a qualidade do ensino, e melhores dias para a sociedade.
Considerando que a escola não é espaço só de conteúdos para informações em áreas de conhecimento, é também espaço de relações sociais e humanas, de educar para a ética e para a cidadania, educar para lidar como as fake news dentro e fora da escola.
Para tanto, conferir as informações no conteúdo e no tempo, verificar sua origem e temporalidade, desconfiar da atualidade e da veracidade, para só compartilhar nas redes sociais o que se tem confiança na origem, bem como confirmação do entendimento da informação. Desconfiar principalmente das postagens mais chamativas, mais atrativas, apresentadas em formato mais enfeitado, com letras garrafais e imagens mais coloridas.
Conclui Moacir Gadotti, que devemos aprofundar o conhecimento sobre as contribuições de Paulo Freire nos métodos pedagógicos. Suas teorias, seus diálogos, seu engajamento, suas soluções de problemas.
Assim, ressignificar a obra e o pensamento de Paulo Freire, confirmar sua atualidade. Enfim, pesquisar Paulo Freire, descobrir os marcos históricos do seu pensamento, das suas idéias pedagógicas, da educação com qualidade sócio cultural e sócio ambiental.

Conclusão
Por fim, Paulo Freire que não era comunista, nem usava as teorias que ele desenvolveu para interesses individuais ou escusos, está sendo bombardeado na atualidade com informações falsas sobre as posições teóricas que ele defendeu e com as quais foi premiado mundialmente e reconhecido universalmente como um pensador da pedagogia da inclusão social, do desenvolvimento coletivo, inclusive como cristão, sendo no entanto atacado em suas posições, com a inversão do seu pensamento. Cabendo ao Instituto Paulo Freire, bem como de educadores da atualidade, estudarem maneiras de realizar a sua defesa e ao mesmo tempo, em virtude da atualidade do seu pensamento pedagógico, disseminar tal pensamento e conhecimentos tanto na alfabetização, como no exercício da metodologia então chamada de “construtivismo”, que atualmente em sua ressignificação, tem recebido outras denominações.
Altamira(PA), 17 de abril de 2019

José Roberto Prates
Pós Graduando em Educação por Inversão Pedagógica: Inclusão para
Emancipação de Territórios Socioeducativos na Transamazônica e Xingu
Faculdade de Etnodiversidade
UFPA – Campus Altamira




Defensor de Direitos Humanos


Já dizia Miguel Arroyo: Por favor pedagogia


JÁ DIZIA MIGUEL ARROYO: POR FAVOR PEDAGOGIA
José Roberto Prates *
Não é apenas na escola que se estuda, que se aprende
Por favor, a pedagogia não está apenas na escola
Não se aprende a ser “sujeito”
Ser “sujeito” é uma conquista
A tarefa da pedagogia é fomentar processos
Por favor, não reprovar, contribuir para aprovar
Por favor, pedagogia, por favor
Entender a pedagogia como arte de educar humano
Entender o humano como sujeito de direitos!
Por favor, isso é fundamental, por favor!
Por que deixar “Vidas ameaçadas”?
O Estado bate palmas para o assassinato de jovens negros...
Jovens negros não nasceram assassinos
Mães negras choram seus filhos mortos
Não nascemos prontos, nos tornamos humanos
As mulheres não nascem mulheres se tornam mulheres
Não somos sujeitos bio, somo sujeitos cultura
Nossa primeira pedagoga é nossa mãe
É preciso estudar a pedagogia materna
É preciso estudar a pedagogia do amor
Por favor, precisamos aprender com essa mulher, essa mãe educadora
Por favor! Quando os sujeitos são outros,
A pedagogia precisa ser outra!
A pedagogia precisa entender
a realidade teórica dos movimentos sociais
A pedagogia precisa respeitar
Outra concepção de mundo, Sujeitos e Relações sociais  
A síntese do povo é a mulher!
Por favor, respeitem as mulheres!
Sabemos de onde viemos? Quanto custou chegar até aqui?
Somos outros! Somos sujeitos humanos!
Diferentes uns dos outros
Como já dito: quando os sujeitos são outros
A pedagogia precisa ser outra!
Somos sujeitos coletivos, classes sociais! Por favor
Exercitemos a pedagogia do oprimido
A opressão existe, insiste, persiste
Como sujeitos devemos insistir, não desistir
Exercitemos a pedagogia da indignação
Contra a brutalidade da realidade social
Os movimentos sociais conscientes crescem
Mas a violência do capital é desproporcional
O que fazer então???
Escola integral integrada de pedagogia social
Para vencer a violência irracional
Negro drama, cabelo crespo, pele escura
Vestindo preto por dentro e por fora
Esses nativos não são humanos? Não são gente?
Não sou eu que me navego, quem me navega é o mar
Qual é o meu ofício pedagogia?
Por favor, qual é o meu ofício?
Responsabilidade pedagógica
A educação não salva a humanidade,
mas a ajuda a ser menos injusta
por favor, para radicalizar a política
devemos radicalizar a pedagogia
radicalizar a educação
Lutar por terra, por teto, por direitos, ocupar os espaços
Educação popular cultura de libertação
Arte na educação, arte na pedagogia, arte na revolução
Literatura, poesia, música, dança, desenho e pintura
São ferramentas pedagógicas
A Guernica de Pablo Picasso contra a guerra na Espanha
Por favor pedagogia, nos aproximemos da arte
Trabalho infância – Tem espaço na agenda pedagógica?
Oficio de mestre – Qual o papel do professor?
Imagens quebradas – trajetórias e tempos de alunos e mestres
Outros sujeitos outras pedagogias
Passageiros da Noite: do trabalho para a EJA - itinerários da vida justa?
Território em Disputa
Contra o culturicídio brutal em nome da coroa, do rei ou da república
Por favor Pedagogia
Desobediência civil e transgressão estão na ordem do dia
Inversão pedagógica para mudar o rumo da história
Em vez da destruição, construir um futuro sustentável é sua missão.
Altamira, julho de 2019
* Aluno do curso de especialização - Educação por inversão pedagógica: Inclusão para emancipação em territórios socioeducativos da Transamazônica e Xingu - Faculdade Etnodiversidade – UFPA Campus Altamira
Poema baseado em sistematização das Conferências proferidas pelo Prof. da UFMG Dr. Miguel Arroyo, Durante a II Jornada da Etnodiversidade, realizada de 1 a 5 de julho de 2019 em Altamira - PA.